A vida é uma permanente  despedida –   uma Via de Despedida.  Como Eliseu, quando sentia-se no auge de sua TPD de  Elias. Em 2 Reis 2.1-6, diz a Bíblia que Eliseu, por  três vezes disse a Elias: "Tão certo como vive o Senhor  e vive a tua alma, não te deixarei. E, assim, ambos  foram juntos".
Creio que todos nós já experimentamos sentimentos  semelhantes, quando nos preparamos para uma longa  viagem, ou quando alguém a quem amamos está prestes a  se despedir de nós; seja por tempo determinado, ou  quando nos parece ser definitivo e irreversível a  separação. O fato é que a despedida entre pessoas que  se amam, se admiram, se prezam, é sempre algo  doloroso, emocionante, triste. Dói na alma, machuca o  coração.
Pessoalmente, sinto uma tremenda dificuldade  em fazer qualquer tipo de viagem que cause a minha  ausência e distanciamento dos meus queridos; ainda que  seja por pouco tempo. O fato é que sentimos vontade de  absorver, reter, cada gesto cada palavra, cada  expressão e atitude da pessoa amada.  Pensamos em desistir  ou impedir que tal viagem ou distanciamento aconteça.  Se possível fora, pararíamos o tempo, congelaríamos  aqueles momentos antecedentes a tal despedida. Ficamos  impregnados da pessoa amada. Há um sentimento de posse  que relutamos em deixar escapar, abrir mão. É o auge da  TPD.
Na verdade, essas palavras expressam o sentimento que invade o nosso coração  quando nos preparamos para viajar, ou quando alguém a  quem amamos está prestes a fazê-lo. É algo  inexplicável. Um turbilhão de emoções e pensamentos  afloram em nossa mente e coração. É quando mais  sentimos vontade de estar perto, juntos, curtindo,  sorvendo cada minuto, e sem sabermos como.
Queremos estar juntos uns dos outros  sempre, em todo o tempo. Queremos demonstrar o afeto  que nutrimos uns pelos outros, até então  inconfessáveis, não revelados. Esses momentos nos  proporcionam um tipo peculiar de emoção. Não  conseguímos contê-las, reprimi-las, evitá-las. Sentimo-nos premidos pela necessidade de expressar, desabafar nossas emoções mais íntimas.
Nesses  momentos é que sentimos como a vida é fugaz e  passageira, o quão dependentes somos uns dos outros e  a nossa relutância em aceitar a independência, ainda  que passageira, temporária, das pessoas amadas.  Assim, procuramos valorizar e aproveitar cada instante  juntos, irmanados.  Percebemos, assim, que cada momento de nossa vida é  sempre uma despedida. Queremos  ouvir, queremos falar, compartilhar,  interagir. Enfim, queremos VIVER intensamente cada  momento em sua plenitude. É quando mais sentimos o  quanto somos importantes para alguém e o quão  importantes são aqueles que nos cercam. 
Então, como Eliseu, queremos estar ao  lado, passo a passo, das pessoas amadas. "Tão certo como  vive o Senhor e vive a tua alma, não te deixarei" –  dizemos. As palavras de Eliseu expressam o mesmo que  gostaríamos de dizer aos nossos queridos. E na verdade  assim o fazemos quando podemos. Procuramos reter ao  máximo a companhia da pessoa amada. Este também  foi o sentimento demonstrado pelo apóstolo Pedro para  com o Senhor Jesus. E Lucas diz: "não sabendo, porém, o  que dizia". Era uma "prosa" descontrolada, sem sentido,  sem nexo.
Na verdade, nós também não sabemos o que  dizer em momentos como esses.
Mas, o que mais me  impressiona é que o assunto ao qual o Senhor conversava  com Moisés e Elias era, precisamente, a respeito de  Sua partida. E era também o propósito de Jesus em  conduzir os discípulos àquele monte. Ou seja, prepará-los adequadamente para aquele dia de Sua separação física dos mesmos. Portanto, os discípulos de Jesus,  enquanto estavam sendo preparados para a despedida do  Mestre, procuravam aproveitar ao máximo a bendita  companhia. E, sem que percebessem,  estavam sendo treinados para enfrentar a TPD – ou a dor  da separação. Então, o que fazer, como agir diante da TPD, ou em  momentos como esses? Vejamos alguns pontos fundamentais que podemos extrair para nossa reflexão no sentido de vencer a TPD.
–  Precisamos compreender que a vida, cada momento que  vivemos, é sempre uma despedida. Cada oportunidade  que temos nesta vida é sempre uma despedida de alguém ou de  alguma coisa. Vivemos o tempo do fim.
–  Todo momento é importante, ainda que seja um laser  ou uma brincadeira de criança. São momentos  únicos, definitivos e  irreversíveis. Não podemos esperar que haja um replay dos bons momentos vividos, nem mesmo desejar revivê-los plenamente. Apenas relembrá-los.         
–  Não podemos congelar o tempo e as oportunidades; mas  podemos reter as boas lembranças das pessoas queridas.  Podemos continuar a amá-las, ainda que distantes. Precisamos nos dar conta do quão importante são as  pessoas com quem convivemos, mesmo aquelas que nos  aborrecem e nos irritam. De certa forma, todas elas nos  proporcionam oportunidades para crescermos,  expressarmos amor, compreensão, respeito, ternura,  perdão e compaixão.        
–  Precisamos extrair desses momentos significativos  lições que enriqueçam nossas vidas. E, uma dessas  lições que podemos extrair dos ensinos de Jesus em  circunstâncias semelhantes é que a vida  terrena é sempre uma ponte, uma despedida. Estamos  sempre e continuamente em TPD.
A vida é uma constante  crise, ou tensão pré-despedida. A cada momento de nossas vidas estamos nos  despedindo de alguém ou de alguma coisa. Seja  física, mental, emocional, ou espiritualmente. Estamos  sempre em situação de partida, viajando sempre, passando. Esta convicção, ou constatação, nos torna mais responsáveis e vigilantes quanto às nossas  atitudes, reações e decisões que tomamos. Isto porque,  sentimos o quão marcantes e definitivos são nossos  atos, palavras e relacionamentos. Estamos sempre  influenciando, marcando vidas. Assim como ficamos  impregnados, tocados, contagiados e fortemente  impactados com as lembranças daqueles que se vão, ou  daqueles que ficam.
Creio que esses  momentos aumentam nosso afeto e amor de uns para com os  outros. Aprendemos a expressar, com mais eficácia,  nossos sentimentos de carinho, afeto e admiração, às  vezes contidos, não compartilhados. Sinto uma tremenda  necessidade de desabafar tais sentimentos. Por isso  escrevo e quero ler, ouvir e sentir, cada vez mais, a  manifestação de amor e carinho daqueles que  correspondem com meu afeto. Quero que todos saibam o  quanto me regozijo e me emociono com tais demonstrações. E tudo isso nos torna mais humanos, mais  íntimos, mais afetivos de uns para com os outros; e  mais gratos ao nosso Pai celeste por nos proporcionar  tais emoções. Não podemos nos esquecer que  Jesus estava sempre advertindo Seus discípulos para o  fato de que o fim era iminente. Também nós, precisamos  estar sempre alertas para o fato de que quando nascemos  demos o primeiro passo para a morte; iniciamos um  longo (ou curto) processo de TPD.  O  evangelista Lucas nos apresenta  um resumo do ensino de Jesus para enfrentarmos e vencermos a TPD:
_ Orando (Lc 9.28).     
 _ Meditando na Palavra (Lc 9.30-31).     
 _ Observando, ou meditando, na majestade da glória de Deus (Lc 9. 32-36).     
 _ Buscando, ouvindo e tendo comunhão com o Senhor Jesus Cristo (Lc 9.35).      
_ Agindo, exercitando o ministério cristão para com os  aflitos (Lc 9.37-43).
Que o Senhor nos abençoe a fim de que  possamos nos apropriar desse ensino e das consolações  celestiais para, assim, superarmos a TPD. Amém.
Pr. Vanderlei Faria
pastorvanderleifaria@yahoo.com.br
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